O Hamas é uma organização terrorista cujos ataques pontuais causam sofrimento desnecessário, Israel é um Estado terrorista que tem décadas de crimes quotidianos contra a humanidade, em particular nas ações de expulsão, limpeza étnica e privação dos mais básicos direitos dos 2 milhões de palestinianos que vivem em Gaza. Não são iguais.
A popularidade do Hamas nos territórios palestinianos é resultado da estratégia da extrema-direita israelita no poder, que precisa das ações desta organização para tentar justificar moralmente os seus crimes. São as duas faces da mesma moeda. Mas o segundo é um Estado, a primeira é uma mera organização.
A suspensão da ajuda ao desenvolvimento à Palestina por parte da União Europeia é uma declaração de cumplicidade para com um estado terrorista e para com a agenda da extrema-direita israelita. É um crime motivado por motivos geoestratégicos. Se ainda alguém precisasse de mais evidência, este episódio oferece a mais cristalina experiência histórica comparada: a ideia do excepcionalismo dos valores europeus é uma fraude. E quem os arvora só pode ser cínico ou tonto. Israel sabe que terá, nos próximos meses, o espaço internacional para praticar crimes pelos quais nunca será responsabilizado. E terá esse livre trânsito de morte com a assinatura implícita do governo português e das autoridades europeias.
Apoiar a liberdade e o direito à existência do Estado Palestiniano é a única forma de combater as atrocidades. Estar ao lado da causa palestiniana é estar do lado dos justos, que simultaneamente combate o sionismo genocida e as organizações que com ele mantêm relações de simbiose.
Não há neutralidade aqui. De um lado está um povo fustigado por décadas de humilhações, do outro um Estado terrorista. Só apoiando o primeiro se combate o segundo. E só combatendo o segundo se combatem todos os terrorismos.